[DL 2012] Resenha: Quincas Borba

Autor: Machado de Assis

Editora: Folhetim

Páginas: 280

Skoob

Romance Realista

Eis a minha quarta resenha do Desafio Literário 2012, Minha lista e mais informações podem ser encontradas neste link!

A História:

Apesar do nome, o livro conta a história de Rubião, um professor de Barbacena que herda a fortuna de Quincas Borba, filósofo do Humanitismo, que é fictícia e que também é exposta de forma secundária em Memórias Póstumas de Brás Cubas (não li). Rubião para manter a fortuna deve cuidar do Quincas Borba (o cachorro), tarefa por sinal fácil, e acaba conhecendo os encantos e as malícias do Rio de Janeiro, conhecendo muita gente que acaba explorando-o. Não posso contar mais, mas sério, isso que você imaginou para o fim, sim, é isso mesmo que vai acontecer. :(

Minha Crítica:

O Romance é de Machado de Assis, da qual tenho excelente impressão, principalmente pelo romance Dom Casmurro. Mas eis que leio Quincas Borba e vem a decepção. Nunca li um livro tão chato, parecia que eu estava 'lendo' o BBB (não assisto) é praticamente uma novela, narra-se a vida Rubião, de Sofia, de Cristiano, Teófilo, D. Fernanda, D. Tonica, e não consigo deixar de pensar: "Nossa, isso é um livro ou a revista Caras?". 

Os fãs que me perdoem, mas esse livro não tá a altura de Machado de Assis, tá eu sei que é objeto de estudo sobre a coisificação do homem, sei que é um dos melhores livros da fase Realista do autor, mas não tive qualquer outro sentimento sobre o livro além da monotonia, chatice, desgosto. E vou dizer por que:

1. Primeiro, fiquei na expectativa que se falasse mais sobre o Quincas, poh!! é o nome do livro caramba!!! Pq não nomear então de Rubião, arf???!!!!
2. Segundo, Pq não falou mais sobre o Humanistismo no Livro? Tipo, a filosofia ficou meio escondida pelos fatos que acontecem na vida de Rubião, as pessoas tem que ler e interpretar PROFUNDAMENTE para ver algo, por isso que deve ser alvo de dissertação. Pq não deixar a coisa clara?!!!!!!!!!!!!
3. Não gosto de BBB nem de Caras!
4. Ia ser um spoiler, deixa para lá.

Estou parecendo uma velha reclamando kkkkkk. Bom, devo ressaltar a parte positiva do livro também, que ao meu ver são duas: A crítica pesada a política!!! Realmente é muito bem feita, tem até um trecho que gostei bastante:

"– Eu diria ao Imperador: – Senhor Vossa Majestade não sabe o que é essa política de corredores, esses arranjos de camarilha. Vossa Majestade quer que os melhores trabalharem nos seus conselhos, mas os medíocres é que se arranjam... O merecimento fica para o lado." [Declaração feita por Teófilo a sua esposa] cap. 175

Tem mais trechos de críticas, muitas voltadas a imprensa, e devo dizer, se não fosse por elas, o livro seria um tédio maior ainda. A segunda coisa positiva é que finalmente entendi o motivo da frase: "AO VENCEDOR, AS BATATAS". Simplesmente extremamente interessante, e acabei colocando o texto na resenha, segue:

"– Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição da sobrevivência de outra, e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas." [Síntese do Humanitismo feita por Quincas a Rubião] cap. 6

Muito legal né? Esses trechos são realmente uma maravilha. Rubião acaba vivendo no fim das contas esse trecho durante todo o livro, simplesmente o mais esperto/forte vence e o vencido desaparece, com se não fosse importante, basicamente são as idéias de Darwin e Thomas Malthus! Uma boa análise sobre o livro (e longa para caramba) tem no blog dos professores da PUC-SP, vale a pena conferir.

Eu não vou recomendar o livro, sorry, não gostei mesmo e achei perda de tempo, eu resumiria em umas 20 páginas as partes mais interessantes. Mas sou um leitor que prefere a literatura fantástica e talvez a minha impressão sobre um livro realista não seja a mais indicada. Ainda assim, digo que o final do livro é exatamente aquilo que pensei que aconteceria, para se ver o quão previsível é o livro. 

Não pensei que ia encontrar algo mais monótono do que Como Água para Chocolate (não disse que o livro é pior :P) melhor me preparar para os próximos heheeheheh

NOTA: 4,5 / SKOOB: 2 estrelas.

Abraços,

Reiner

OBS: Conseguir ler esse livro em formato epub no site do Folhetim, que pelo que entendi eles tem os livros em domínio público em epub (que geralmente estão em pdf). Engraçado também foi que quase compro o livro em formato digital, encontrei algumas sites vendendo por R$ 4,90, aí eu falei, nossa, está barato, finalmente, kkkkkk, quase fui enganado, o livro já é domínio público arf. Enfim, fica a dica.